sábado, 26 de janeiro de 2008

As ruínas do tempo perdido

Olhando as ruas
pensei no tempo
no pedaço de papel colorido
desbotado de lembranças
15 anos
digo eu
mirando os traços do pintor
marcados de prosa
Que via eu do mundo
senão meu mundo

Só do olhar poético
ressalta a poesia

Do chão
o cinzento
a estrema frieza da ausência
ausência de min
vagueando por áleas
impregnadas de luz
ausentes
somos nós
vestidos de luto
aquando o sol brilha

Todos vemos
o que somos capazes de ver
os traços comuns
formam os pontos comuns
cada qual tecendo o mundo
à sua própria medida

A realidade
uma impressão
um instante

Talvez o olhar
indistinto
da criança ao nascer
traga com ele
ainda
a oculta realidade
a percepção da luz sem formas
a genuína razão do ser

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008


Sou a fonte
a fonte de onde jorra a alma
o seio que alimenta o mundo
sou o borboto ainda jovem
da árvore com seiva
sou o pico da montanha
erguendo-se ao céu
sou a lua oculta
da noite sem lua
o negro manto do universo
e os astros que o compõe
sou a luz
e sou as trevas
o que morre
para a seguir renascer
sou a grande roda da vida
curso ínfimo
vasto
sou o canto profundo
o sussurrar da folha ao vento
o aqui
o ali
e aquilo que resta entre os dois
sou a flor
a raiz
a chama
sou o espírito encarnado
o instinto
e o Deus