sexta-feira, 31 de agosto de 2007


Agradeço a saudade
pelo que me lembra o amor
a tristeza
pela qual vislumbro a alegria
as sombras
que determinam a entrada de luz
agradeço a fealdade
pelo que reconheço a beleza
o baixo
para me içar mais alto
a espera
pelo entusiasmo da chegada
agradeço
todas as cores
dimensões do sentimento
pela qual desponta a poesia da vida
a chama do conhecimento

terça-feira, 28 de agosto de 2007


Como se burros que nós fossemos seguíssemos a cenoura que nos é estendida com o pau para avançar, mas que nunca atingimos.
A menos que burros deixássemos de ser, ganhássemos consciência para parar, tirar a cenoura da nossa frente e as palas que nos ocultam a visão!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

De pés descalços
caminho
neste único tempo

Despindo-me do artifício
a cada passo

Nua
é minha alma
nua é a árvore desfolhada
sob a neve
nu
é o sopro
que entra e sai de mim

sábado, 25 de agosto de 2007


Os nossos hábitos são determinados pela cultura em que nascemos, pelas escolhas que fazemos, pela genética, quem sabe, talvez! Alguns são conscientes, muitos inconscientes.
Até a própria morte se poderia determinar como um hábito, não tivéssemos nós herdado dos nossos antepassados essa malfadada tendência que é morrer.
O universo é infinito, não tem a noção que nós temos de vida e de morte, para ele existe apenas um fluxo ininterrupto de sucessivos acontecimentos.
Para nós existe um fim!
Essa noção a que os homens chamam fim é uma percepção cultural (um hábito mental herdado) e não uma verdade inata.
Não existe nenhum ditador de leis a que os homens chamam Deus (ou se existe, têm mais que fazer).
È provável que tenhamos inventado a noção de destino para nos livrar da responsabilidade das nossas próprias acções. Temos como consequência a limitação das nossas consciências à visão das nossas vidas como círculos fechados e não ao que elas são de facto, um mar infinito de possibilidades!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Semeei um desejo na lua nova
para que ele cresça quando ela for redonda
floresça nas sete luas
e dê fruto no meu verão!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

La fim de la journée

Maintenant
la caresse du vent

passe

m’emporte loin

loin d’ici bas

j’ouvre les yeux

enfin

les étoiles

la journée est passée

loin
elle est
poussière
dans mes mains
je souffle
aujourd’hui s’en va
maintenant
reste la nuit

reste le silence

segunda-feira, 20 de agosto de 2007


Não existe destino,
existem sim hábitos
que nos levam a determinado resultado!

sábado, 18 de agosto de 2007

O sol brilha, de facto!

É o sentimento de posse que faz com que tenhamos a sensação de perda.
Será que realmente possuímos algo ou somos simples acompanhadores das circunstancias?
Quando olhamos um pássaro em voo, sabemos a leveza das suas asas. - Ah como deve ser bom voar! E contemplando-o, o nosso imaginário voa com ele. Mas se o quisermos agarrar, se quisermos pô-lo em jaula, ele nunca mais voará e nós não saberemos mais voar com ele. A flor murcha mais rápido ao colhê-la, o amor passa-nos ao lado e muda de rumo quando o damos por nosso.
Felizes são aqueles que percebem a beleza do que lhes passa pelas mãos mas que não as fecham, que observam o pássaro e voam com ele, que admiram a flor e se abrem com ela, que se entregam ao amor, ao momento. Esses, talvez entendam a dádiva da vida, porque o sol brilha, de facto, eleva-se todas as manhãs para os que acreditam que o mundo é um lugar cheio de oportunidades às quais se entregar e não simplesmente mais um dia que passa.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007


Entre mim
e ti
há uma ponte de prata
onde as vozes se unem
esquece-se o tempo
onde a luz penetra
entre mim
e ti

Dei por mim!


Dei por mim, numa tarde de sol radiante, equivocada, a minha vida tingida em meios tons.
O esplendor alado da poesia cingido à expressão de uma vida mediana. Perdida entre as hastes do desejo e da resignação.
Dei por mim farta mas faminta de grandeza, como se qualquer alimento perdesse o sabor perante a inocuidade do espirito.
Dei por mim conscientemente ignorante, como se do vasto universo eu soubesse apenas menos que nada, um conjunto de conceitos obsoletos que se empoeiram com o tempo.
Assim.
Lembrei-me da eternidade, da memória ancestral que me deu vida e notei como a minha retribuição era escassa perante a sua imensidão.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Um segundo eterno


Num segundo
vi a eternidade
na imensidão do céu
ao escurecer
a solenidade entrou
e clamou um intenso silêncio

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A Tocadora




Voa
amor
bem alto
escuta
o violino
está a cantar
e o espirito
dança com ele

Alarga-se o céu
a pedra
desliza
como água

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Juste une fleur au milieu d'un champ fleuri



Je ne suis pas grand chose
juste une fleur au milieu d'un champ fleuri
mais en moi il y a tout
tout ce que je vois
tout ce que je sens est un monde