domingo, 14 de dezembro de 2008


Fosse eu livre
despojar-me-ia de tudo
senão do luar
e
coroada de estrelas
elevar-me-ia
ao ponto de não retorno
o indizível
sem mais sombra
nem luz
nem espectros
nem sonhos
noite esquecida
absoluto silêncio.

Fosse eu livre
despojar-me-ia de tudo
senão do luar

domingo, 15 de junho de 2008

A caminho de onde!


Os jovens questionam mais do que os mais velhos. Uma vez adquirido o fato do comodismo, é difícil desviar-se das suas malhas. Hoje, como jovem, questiono. Questiono a nossa lucidez, os nossos hábitos, as nossas metas, questiono os nossos fundamentos, o óbvio, assim , como milhares de outros fizeram antes de mim.

A história é apenas um traço marcado aleatoriamente, deixando um rasto de algo, nada mais de que uma existência comum e um mero ponto de vista.
Olho as pessoas e vejo caminhos traçados pela sociabilização. A maioria das nossa escolhas baseiam-se numa interpretação leve da realidade humana em grupo, uma visão toldada pela força das ideias convencionais.

Hoje, questiono-me. Não porque algo esteja errado, mas porque tudo poderia ser diferent.
Quem sou eu, senão um mero esboço a olhar no espelho da verdade.
Quem sou eu , afinal!
Qual a versão que crio de mim a cada dia e segundo.
Por mais que veja longe, as malhas das correntes que me amarram ao chão impedem-me de me içar.
A verdade faz-nos sentir sós.
Por isso muitos preferem a mentira, por isso os jovens deixam de se questionar, entram na corrente bem oleada da rotina e morrem na ignorância dos seus próprios poderes.

Deixando que aquilo que aconteceu continue a acontecer. Vendo a maré passar em virtude do horizonte.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O Prazer


Do elogio à negação, o prazer persegue a história dos seres humanos. Em todos os sentidos, ele ergue- se majestosamente a proclamar a vida. Enquanto outros o encaram com desdém vendo na morte a libertação.
Mas, se é ele o espectro que prosseguimos teimosamente ao fio dos anos! Se é ele que adquire a cor dos nossos sonhos! O desejo, a água que corre de boca em boca. O início e o fim.
Há aqueles que se encontram e aqueles que se perdem nas suas malhas dúbias, nos seus vapores insondáveis, nos seus meandros alquímicos.
Tudo corre, tudo passa e o homem, como que suspenso na teia do infinito, usa- o como amarra à terra quando o seu fio se estende para além dos mil céus. Tudo pode ser sagrado ou profano dependendo da intenção e da visão alcançada.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Não fossem as fronteiras instituídas pelas nossas ideias sobre as coisas não haveria distância entre mim e qualquer objecto, entre mim e qualquer outro ser. A consciência do homem seria apenas ele, tudo o que olhara seria ele, tudo o que tocara seria ele, o outro seria ele, o mundo seria ele.

quarta-feira, 12 de março de 2008


O que importa na vida é seguir o nosso caminho, cumprir a nossa missão. Não há nada mais triste do que partir antecipadamente, com a impressão de deixar algo a meio para trás. Cada pessoa deve zelar para que isso não aconteça, estimar-se, cuidar de si e ter uma verdadeira noção das prioridades.
Ninguém nasce para morrer jovem, são as nossas opções, conscientes ou inconscientes, que nos desviam do caminho. Porquê?... Não existem porquês na natureza, existem factos, e se não conhecermos esses factos sujeitamo-nos ao destino, à suposta fatalidade.
Aquele que vive feliz é aquele que morre feliz, com a sensação de ter cumprido a sua missão, com a convicção de que deixou o mundo um pouco melhor do que o encontrou ao nascer e se alegra do que vem a seguir. O que quer que seja!...

terça-feira, 4 de março de 2008


O sentimento é a alma do mundo, seja de amor nascente ou dilacerado, ele é o que nos move, nos cria, ele é a cor, o sabor, o alento. Sentimento é vida, só os mortos deixam de sentir.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008


Aqui
dentro de mim
acendo uma vela
procuro
um anjo perdido
pecado esquecido
o monte mais alto
um espelho final

Aqui
dentro da verdade
espaço sem tempo
noite sem fim
são alas de fogo
desejos temidos
fontes de água doce
são histórias por contar

Aqui
longínqua
envoco o encanto
danço sozinha
ao sopro do vento
nu
sou
reflexo movente
do sol
memória de instantes

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008



É preciso mexer com os nossos limites,
em qualquer idade!

Em todas as épocas!

sábado, 26 de janeiro de 2008

As ruínas do tempo perdido

Olhando as ruas
pensei no tempo
no pedaço de papel colorido
desbotado de lembranças
15 anos
digo eu
mirando os traços do pintor
marcados de prosa
Que via eu do mundo
senão meu mundo

Só do olhar poético
ressalta a poesia

Do chão
o cinzento
a estrema frieza da ausência
ausência de min
vagueando por áleas
impregnadas de luz
ausentes
somos nós
vestidos de luto
aquando o sol brilha

Todos vemos
o que somos capazes de ver
os traços comuns
formam os pontos comuns
cada qual tecendo o mundo
à sua própria medida

A realidade
uma impressão
um instante

Talvez o olhar
indistinto
da criança ao nascer
traga com ele
ainda
a oculta realidade
a percepção da luz sem formas
a genuína razão do ser

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008


Sou a fonte
a fonte de onde jorra a alma
o seio que alimenta o mundo
sou o borboto ainda jovem
da árvore com seiva
sou o pico da montanha
erguendo-se ao céu
sou a lua oculta
da noite sem lua
o negro manto do universo
e os astros que o compõe
sou a luz
e sou as trevas
o que morre
para a seguir renascer
sou a grande roda da vida
curso ínfimo
vasto
sou o canto profundo
o sussurrar da folha ao vento
o aqui
o ali
e aquilo que resta entre os dois
sou a flor
a raiz
a chama
sou o espírito encarnado
o instinto
e o Deus